11/10/2011

Memórias retroactivas: os carros da minha vida



1990: Citröen BX
Com aileron!!!


















O puto era muito pequeno e ainda usava chapéu para ir à rua. Mesmo assim regueifava o nariz e aninhava os olhos ao primeiro raio de sol. Aliás, não havia foto exterior em que nós três não aparecessemos de cara à banda! "Não faças essa cara!", ouviamos à vez.

Ao contrário do que viria a acontecer com as outras trocas de carros, esta foi assim meio feita à socapa. Ou melhor, eu tinha 7 ou 8 anos e valorizava muito mais o tricíclo da minha irmã do que os planos dos pais para a aquisição de um hipotético carro novo. Mas também não era por acaso! É o que o dito tricíclo tinha vários pontos a seu favor... Em primeiro lugar, dava para andar às voltas na sala de jantar. E além disso - não sei bem como me fui lembrar de tal coisa -, virado de pernas para o ar e manobrando os pedais com as mãos, era uma fantástica máquina de fazer puré de batata!!! Quantas pessoas podem gabar-se de ter um tricíclo assim tão fixe, hein?
Mas como dizia, as intenções para trocar de carro passaram-me completamente ao lado. E só sei que, no final de um dia muito didático na escola, lá estava ele. Beige, reluzente e com um rabo bem proeminente, o nosso BX cheirava a novo por dentro. O "UAU!" sentia-se no ar. Mas sinceramente, o tricíclo continuava a ser muito mais interessante... E colorido!
Por isso mesmo, mais enigmático para mim foi o que sucedeu na primeira vez em que fomos ver os avós à terra, a bordo da nova máquina. Da viagem em si não me recordo de nada. Mais uma igual a tantas outras, provavelmente adormeci com a cabeça da irmã na perna direita e a do irmão na perna esquerda (foi essa a minha sina durante largos anos e longas viagens). Mas a chegada... Essa é-me inesquecível!

"Olha o KITT! Olha o KITT! Olha o KITT!"... Gritavam os miúdos enquanto atravessavamos Brunhoso. Vira aqui, vira acolá, e eles sempre atrás de nós, em grande alvoroço. Que raio! Eu não percebia bem porquê... Mas digam lá se não era eu que estava cega?



Depois disto, não restam dúvidas - a minha máquina de fazer puré e o KITT dos miúdos de Brunhoso confirmam-no -, a imaginação das crianças é uma coisa maravilhosa!


1 comentário:

Cristina Trancoso disse...

Mãe, desculpa se há factos distorcidos, mas o que me interessa é a ideia geral :)... Neste caso há-de ser a data que não está bem certa. Às tantas ainda nem o Carlos era nascido!
Agradeço que rectifiques, apenas para que fique registado. Eheh!

Beijo!